As raparigas e o tigre | ||
Nessas horas em que
é grande a tentação de fazer um verso hermético, nublado, penso nas raparigas famintas de domingo que passam os dedos compridos pelos cabelos do sexo. Um tigre longínquo passeia as patas mansas sobre as folhas. Alguma coisa sussurra: é esse o verso hermético? Envergonhado de minha calma indecisão, pergunto ao que pergunto: que coisa existe entre o tigre e as raparigas famintas de domingo? Na hora de calor, nem o vento, a curva do céu, nada responde: as raparigas dormem despidas suas pernas perfumadas. E o tigre, nem sei por onde foi entre as árvores da floresta. [Felipe Fortuna] |
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