1.
eu digo: chamaremos as mulheres e invocaremos o sacro império do corpo. não
existe pedra maior (ou mais bela) do que aquela onde dioniso se esconde, o
deus entre os homens, a pedra ante a gélida raíz dos antepassados.
formaremos uma roda e imitaremos o som de todos os animais. todo o poema é
proibido: só a origem, a hierofania do ritual e da pele contra pele.
2.
soletraremos o som e chamaremos os dedos criadores da chuva. só a dança nos
permitirá abraçar o sexo e castigar os olhos vigilantes do deus. a palavra
de poder, o poema-totem é o único caminho do ventre.
3.
debaixo da chuva ou da água que precede a escrita, ficam os tambores e as
fendas/rombos do silêncio. a manhã movimenta-se com o seu olhar de corvo
dourado. os ritmos e as sílabas de toque ficam no escuro. o poema / som /
grito inicial apenas é no amanhecer do tigre.
[Jorge Vicente]
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